O início da minha jornada no basquetebol deu-se no ano de 2013. Já lá vão sete anos. Sete anos em que muito mudou, mas a paixão pelo jogo e pela competição sempre aqui estiveram. Desde que me lembro, recordo-me de uma criança extremamente competitiva. Uma competição muitas vezes saudável, mas que me levou ao ponto de competir com quem carregava o mesmo símbolo ao peito. E admito, não é isto que se pretende.
Comecei, como muitos, no clube local, mas nada foi fácil. O convívio era bom, inicialmente, mas a competição parecia que estava em segundo plano. Os resultados não eram os melhores e eu questionava-me se seria a única a querer ganhar. Era eu que levava a equipa às costas e a todo o custo. Pouco falava nos treinos, deixei de passar a bola e o clima já não era o melhor. Muita da culpa era minha, pois estava completamente obcecada em ganhar e pensava mesmo que era assim que iria conseguir – sozinha.
Tudo isto não era normal para uma criança no escalão dos Minis. A verdade é que estas atitudes também eram, em parte, alimentadas por quem mais devia repudiar este tipo de atitudes. Há pais que têm muita dificuldade a olhar para a equipa como um todo, sentem-se injustiçados com o treinador se não mete o filho a jogar. Falo do basquetebol como falo de qualquer outro desporto, as coisas precisam urgentemente de mudar, formam-se jovens e futuros adultos que não aceitam os seus erros, as suas falhas, que não sabem pedir desculpa.
E enfim… arrastei esta minha personalidade até aos dias de hoje. Era necessário colocar um ponto final nisto, inclusive, cheguei até a mudar de equipa. Foi aí que percebi que o problema era eu. Deixei de procurar integrar-me, novamente, com isso apercebi-me que os 30 pontos nos jogos não me valiam de nada, nem o reconhecimento, os aplausos, os vários elogios aos meus pais. Esta personalidade custou-me um futuro promissor, mas também muitas amizades. Isso deveria de ser o mais importante. O espírito de equipa é essencial para se ter sucesso e, se um dia, eventualmente, retomar a este desporto, irei ter uma perspetiva diferente. Gosto de acreditar que nunca é tarde para começar de novo.
Artigo escrito por Valentina Guedes, 19 anos, Estudante
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