Basta dar uma vista de olhos pelas classificações de ambas as conferências para perceber que a segunda semana de NBA foi tão imprevisível como a primeira. No total, 6 equipas que falharam os playoffs do passado verão encontram-se em posições de acesso aos da presente temporada. Entramos em 2021, com os Knicks e Raptors a inverterem as suas habituais posições, assim como Suns e Nuggets. Numa semana que ficou marcada pelo regresso oficial de John Wall e DeMarcus Cousins, voltaram a não faltar surpresas e o verdadeiro espetáculo a que a NBA tanto nos habituou.
Vencedor: Stephen Curry

Porventura, o principal vencedor desta semana. Após as várias críticas dirigidas ao próprio e à sua incapacidade em liderar a equipa a vitórias sem o seu parceiro de backcourt, Klay Thompson, a lenda dos Warriors decidiu dar a sua resposta onde sabe melhor: dentro do campo.
A semana começou com uma vitória convincente, com os 31 pontos de Stephen Curry a deitarem por baixo qualquer hipótese por parte dos Detroit Pistons. Mas, foi após uma derrota pesada frente aos Portland Trail Blazers, que o único MVP unânime da história da liga ligou o modo Hall of Fame. De novo frente à equipa de Damian Lillard, Curry bateu o seu recorde pessoal de pontos e lançamentos concretizados da linha de lance livre, com notável eficácia. 8 triplos num total de 18 bolas convertidas em bola corrida, associados aos inéditos 18 lances livres, resultaram num total de 62 pontos. Até o próprio Dame demonstrou-se impressionado com a exibição do rival (vencedor do prémio de melhor jogador da semana no Oeste), manifestando o seu respeito pelo feito.
Derrotado: Brooklyn Nets

Imensa coisa pode mudar numa semana, e passar-se de um dos principais candidatos a uma das principais desilusões em poucos dias não é nenhuma novidade na NBA. A comunidade da liga norte-americana é conhecida pelas suas conclusões precipitadas, e não há melhor exemplo dessa reflexão do que esta equipa dos Brooklyn Nets.
Depois de uma primeira semana com vitórias expressivas sobre Warriors e Celtics, que colocaram toda a liga em alerta, a equipa do sul de Nova Iorque parece ter perdido a sua faceta dominadora. A derrota com os Grizzlies é facilmente explicada pela ausência das principais estrelas, Kevin Durant e Kyrie Irving, que no entanto estiveram presentes nos restantes jogos. Numa pequena série de 2 jogos frente aos Atlanta Hawks, venceram a primeira partida num jogo apenas decidido nos últimos minutos, enquanto que no segundo encontro sofreram uma derrota dilatada.
Ainda no fim desta segunda semana, numa partida frenética que opôs os antigos companheiros, Kevin Durant e Russell Westbrook, foi o segundo que levou a melhor. A mesma só ficou resolvida nos segundos finais em que, primeiro Irving, e depois Durant, falharam lançamentos que manteriam a vitória no Barclays Center.
Agora, não só se encontram fora dos lugares de playoffs com um recorde negativo, como não vão poder contar com Kevin Durant pelo menos durante uma semana, já que o mesmo teve contacto próximo com um infetado da Covid-19.
Vencedor: 76ers e Tobias Harris

A equipa mais vitoriosa e menos derrotada da presente temporada, viu um dos seus atletas ser eleito o melhor jogador da semana no Este, após uma série de 3 jogos a vencer na mesma. Derrotando persuasivamente Raptors, Magic e Hornets, a equipa tem demonstrado sob os comandos de Doc Rivers que é uma equipa mais estável, finalizando as suas vantagens com vitórias e ultrapassando aquilo que são adversários teoricamente mais fracos. Com um plantel melhor construído à volta das principais estrelas, Simmons e Embiid, a chave para o sucesso poderá estar nesta continuidade e solidez que tragam a confiança necessária para atacar os playoffs.
Em todo o caso, o principal destaque desta semana foi a qualidade com que Tobias Harris se apresentou. Com excelente eficácia, e perto de médias de duplo-duplo, arrecadou 23.3 pontos, 9.7 ressaltos, 2 roubos de bola e ainda 2 abafos por partida.
Derrotado: Toronto Raptors

É preciso regressar ao longínquo ano de 2005 para presenciar um pior início de temporada por parte da equipa dos Raptors do que a de esta época. Com apenas 1 vitória nos primeiros 6 jogos, a equipa canadiana que, em virtude do protocolo de saúde e restrições de tráfego internacional resultantes da presente e global pandemia, tem realizado os seus jogos na cidade de Tampa (Flórida), encontra-se neste momento nos lugares mais inferiores da classificação.
Poderíamos fundamentar que a situação da equipa de Toronto se resume somente a uma abertura em falso de temporada, mas não parece ser uma contrariedade assim tão simples. As saídas de Serge Ibaka e Marc Gasol estão a ter um peso muito além do expectado, e não apenas na profundidade do plantel. Para além da falta de liderança e veteranice, virtudes inerentes e atualmente dependentes de Kyle Lowry, as suas ausências estão a ter uma influência direta na qualidade exibicional do principal projeto da equipa: Pascal Siakam. Apesar da capacidade de Aron Baynes e Chris Boucher em meterem a redonda no cesto tantas ou mais vezes do que os dois campeões de 2019, Siakam vê-se forçado a criar e a concretizar tipos de lançamentos que não fazem parte, ainda, do seu arsenal. No entanto, o camaronês não é o único culpado do insucesso precoce da equipa, e tem ainda muitos anos de carreira pela frente para prosseguir a sua evolução.
Há vários fatores que estão a resultar nesta incaracterística série de derrotas dos Raptors. A incapacidade em finalizar as vantagens adquiridas ao longo das partidas, uma estratégia inferior e menos intensiva na parte defensiva do jogo, e a, ainda, procura pela rotação certa, que tem sido uma das várias causas de dor de cabeça para Nick Nurse. Jogadores como Norman Powell e OG Anunoby não deram ainda o ‘salto’ esperado e parece haver uma carência coletiva de vontade de fazer mais e melhor.
Em todo o caso, e embora a época esteja efetivamente no seu começo, não se avizinha uma temporada à qual os Raptors nos têm habituado, ainda que os playoffs continuem a ser um objetivo facilmente conquistável. A realidade é que. longe de casa, os reis do Norte têm-se dado mal em terras sulistas.
Vencedor: Jaylen Brown

Se Stephen Curry é o claro vencedor desta semana, Jaylen Brown poderá muito bem ser considerado o principal destaque da temporada até então. Inicialmente associado ao prémio de Most Improved Player, há já quem fale de um lugar no All-Star assegurado e quem arrisque pô-lo na sua lista para MVP. Jayson Tatum, que seria em teoria o principal beneficiado da saída de Gordon Hayward e ausência temporária de Kemba Walker, tem apresentado bons números e lançamentos decisivos, mas quase sempre ofuscado por uma melhor exibição do colega.
Brown, a cumprir a sua quinta época na NBA, começa 2021 com médias de encher o olho: 26.9 pontos, 4.6 ressaltos, 3.1 assistências, 1.6 roubos de bola e com uma eficácia de 57.7% em lançamentos de campo e de 42.9% em tiros exteriores. Números que se refletem e influenciam na capacidade da equipa em vencer jogos.
Os Boston Celtics assistem assim à contínua evolução das suas duas principais estrelas, com um recorde positivo e continuando a aguardar pelo regresso do seu base 4x All-Star.
Limbo – Uma Conferência Oeste sobrelotada
Mais: Phoenix Suns e Utah Jazz
A equipa sediada em Salt Lake City já é presença habitual nos 8 primeiros, mas a nova casa de Chris Paul tem visto o seu investimento ser refletido dentro do campo. Com ainda muito por jogar, a saga de 1 década sem atingir os playoffs por parte dos Suns parece ter o seu fim anunciado, enquanto que os comandados de Quin Snyder aparentam estar finalmente a tirar o máximo proveito de Mike Conley. Duas equipas com uma plena harmonia entre juventude e experiência, lideradas por bases veteranos e que deverão manter-se pela corrida ao topo da classificação.
Menos: Denver Nuggets e Portland Trail Blazers
Por outro lado, temos o caso de duas franquias que nos últimos anos andam constantemente à espreita de uma presença na final, mas que iniciaram a época aquém das expectativas. De Nikola Jokić e CJ McCollum não se pode exigir muiyo mais, estando ambos a ter um começo de temporada fenomenal, ainda que nem sempre se reflita no resultado final das partidas. Tanto Jamal Murray como Damian Lillard iniciaram 2020/2021 a meio gás, e resta perceber quando é que as equipas vão entrar no ritmo esperado. Quanto mais tardio o mesmo se suceder, maior a concorrência aos lugares cimeiros do Oeste. E mesmo atingir os playoffs poderá manifestar-se uma tarefa árdua, numa conferência onde cada vez mais parecem não haver excluídos à corrida.